Projetos

Calle Loja – Mercado San Roque


Detalhes do Projeto:

Arquitetos:

Abigail Montenegro, Alejandra Dávila, Carla Narváez, Carlos De La Torre, Deniss Santillán, Diana Peñaloza, Diego Gaibor, Fernanda Esquetini, Fernanda Ponce, Francisco Carpio, Javier Mera, Jéssica Calvopiña, José Álvarez, José López, José Paredes, Kenny Espinoza, Mishel Yanez, Natalia Moreno, Pablo Puente, Pavel Guerrón, Santiago Carvajal, Sebastián Pérez, Shirley Cortéz, Tiago Castelo Branco Lourenço, Valleria Villacís.

Colaboradores:

Al Borde, Aqua Alta, Citio, Gescultura, Laboratorio de Urbanismo Político, Quito Eterno, Taller Sur, Todos Por La Praxis, Tranvia Cero, Con Lo Que Hay, Rama Estudio, Espinoza Carvajal, Simone Cadamuro, El Sindicato, Ese Colectivo, ERDC, Escala Real, Ensusitio, TXP e Usina.

Ano do Projeto:

2015

Local:

Quito, Equador

Imagens:

Maurício do Valle e Tiago Castelo Branco Lourenço

Outras Informações:

Projeto desenvolvido dentro 10º Taller Internacional Laboratorio Ciudad de Quito


 


 Memorial Descritivo 

Calle Loja - Mercado San Roque 

Calle Loja, Mercado de San Roque? Quito?

Cheguei a Quito na noite do dia 12/09/2015. No transporte entre o Aeroporto e a cidade estava acompanhado de um casal de idosos quitenhos. Durante o percurso eles me perguntaram qual era o meu objetivo na capital equatoriana, informei que estava na cidade para um trabalho no Mercado de San Roque, ao dizer isto ficou evidente o incômodo dos dois, a senhora se manifestou e disse para tomar muito cuidado, era um lugar muito perigoso, ficaram decepcionados.
No dia seguinte, domingo 13/09/2015, foi o primeiro contato com o Mercado de San Roque e seu entorno. A Calle Loja, no setor da Associação 17 de Novembro, local destinado para o desenvolvimento de intervenções de minha equipe, se apresentou como um lugar dominado pelo comércio de rua e pedestres. A líder da associação parecia apartada das discussões que envolviam o X Taller Ciudad de Quito. O desejo expresso por ela durante todo o percurso era por uma intervenção que ordenasse o espaço, determinando o local de cada comerciante fixo, e o desenvolvimento de um ponto de vendas que refletisse esse ordenamento territorial.
No dia 14/09/2015 foi realizada uma nova visita durante à tarde, agora com a presença de toda equipe. Nesta reunião, a liderança expôs mais uma vez seu desejo de ordenamento do espaço de trabalho. Neste momento ficou mais evidente que os comerciantes que atuam nas ruas do entorno do Mercado de San Roque se entendem como excluídos, um grupo de pessoas que desqualifica o local.
Como o horário desta visita coincidia com o final das atividades comerciais não tivemos a oportunidade de vivenciar o cotidiano de trabalho, a equipe decidiu fazer uma visita na madrugada do dia seguinte, 15/09/2015.
Na madrugada percebemos uma dinâmica diferente, uma grande movimentação de comerciantes e pessoas, disputando o espaço da rua com caminhões e carros que chegavam com mercadorias. A visita foi acompanhada por um segurança, este contratado pelos comerciantes da rua para manter a ordem do lugar. Durante todo o percurso ele exigia dos comerciantes o respeito aos limites de cada ponto de venda, para aquele que se mostrava mais resistente, ele nos apresentava como arquitetos que estavam ali para fiscalizar o que ocorria, quando ele dizia isto, a resistência rapidamente dissipava.
Neste horário podemos também observar o comércio de drogas, os pequenos traficantes misturavam-se com o comércio dos ambulantes. O tráfico de drogas é colocado como o catalisador de todo os males que ocorrem na região.
Ao retornar ao Taller discutimos várias possibilidades para o lugar, as proposições eram semelhantes, porém, abordavam a situação a partir de diferentes pontos de vista. Foi proposto um concurso interno para o desenvolvimento dessas diferentes percepções que foram apresentadas no final do dia, quando ficou evidenciado que as diferenças eram complementares, preparamos uma síntese para apresentar no dia seguinte para os comerciantes da Associação 17 de Novembro.
A proposta sugeria a mudança dos pontos fixos que se instalavam nas calçadas para a rua, as calçadas seriam destinadas a circulação de pedestres; uma grande cobertura de toda a rua, como elemento simbólico com a intenção de integrar a rua com o edifício do mercado, como se todos passassem a ter um teto para se proteger, definindo um novo limite para o complexo comercial. Para apresentação da proposta elaboramos estratégias de representação que não constrangessem os comerciantes e incentivassem a todos a manipulação e transformação da proposta.
Durante a apresentação, no dia 16/09/2015, a liderança foi intransigente em relação à mudança dos pontos de venda da calçada para rua, colocou que seria algo muito difícil de ser realizado, chegou inclusive a se emocionar, chorando disse que uma mudança como essa poderia culminar em problemas, já que se encontra jurada de morte.
Frente a esse impasse, a equipe voltou para a universidade em crise, deveríamos dar prosseguimento a proposta já desenvolvida ou buscar novos caminhos a partir dos dramas apresentados pela liderança?
Após uma longa conversa da equipe concluímos que seria importante considerarmos a posição da liderança, caso não o fizéssemos, nós estaríamos impondo uma situação incontrolável. Estávamos sem uma resposta, em crise com a arquitetura, com a cidade de Quito, com o Mercado de San Roque e com a Calle Loja.
Na manhã do dia 17/09/2015 retomamos o impasse com humor. A arquitetura era limitada para a complexidade da carência encontrada no Mercado de San Roque e seu entorno.
O lugar precisava ser legitimado, evidenciando para toda cidade de Quito que os comerciantes do Mercado de San Roque têm o direito à cidade e ao trabalho. Entendemos que a situação é a evidência dum processo de expulsão das pessoas com pouca solvência financeira do convívio na cidade, o poder público tem privilegiado populações que não demandem as instituições estatais.
A legitimidade de estar trabalhando naquele lugar era algo que adquiria uma maior importância no caso dos comerciantes que trabalhavam nas ruas do entorno do Mercado de San Roque, sendo que, em conversas com os comerciantes da Calle Loja ficou evidenciado que a busca de legitimidade era também junto aqueles comerciante do interior do Mercado de San Roque.
Criamos um documento que seria expedido por uma instância superior que declarava a legitimidade do ponto de venda na Calle Loja para o comerciante que lá estivesse trabalhando. Para tornar mais simbólico o momento da entrega salientando a situação de abandono pelo poder público daquela região da cidade, solicitamos a ajuda divina, afinal, Deus criou o mundo é pode contribuir na construção novas possibilidades.
Como a relação com Deus é sempre intermediada por alguém inventamos um Santo e um Padre, São Tiangez seria o representante divino da vontade de Deus no Mercado de San Roque, e Padre Castelo Branco, um monge vindo de terras distantes para entregar o Título de Legitimidade para os comerciantes da Associação 17 de Novembro
O ritual de entrega do Título de Legitimidade foi preparado com toda pompa religiosa: um monge, incenso, água benta, matraca e pessoas de branco orando.
Durante a procissão pela Calle Loja na manhã do dia 18/09/2015, íamos rezando uma oração que pedia que o Direito à Cidade fosse respeitado. Durante o ritual entregávamos o Título de Legitimidade e afixamos em cada ponto de venda uma identificação, como um elemento físico que contribuísse para o início da organização do comércio de rua conforme desejo manifestado pelos comerciantes.
O rito causou estranhamento entre aqueles que estavam na Calle Loja, algumas crianças olhavam o monge com medo, outras se aproximavam e pediam para que o monge fosse a sua casa, as pessoas solicitavam o documento como se pede uma dádiva divina, mesmo que não acreditassem no que ocorria, elas pediam o documento e a identificação de seus pontos de venda.
O rito final foi no encerramento do X Taller Ciudad de Quito. Esse momento fomentou intrigas e polêmicas como pretendíamos gerar, conseguimos transferir para o público nossa frustração, os limites de uma concepção de arquitetura para dinâmicas sociais como a que encontramos na Calle Loja. A arquitetura e os arquitetos muitas vezes acreditam num potencial mágico de seu trabalho, como se pudéssemos com um desenho transformar a realidade, esquecemos muitas vezes da complexidade dos espaços em atuamos.
O ridículo de nossa ação dá destaque para o fato que não há solução mágica ou divina para as contradições humanas, as contradições devem ser evidenciadas e ridicularizadas para que possamos superá-las.

Calle Loja, Mercado de San Roque? Quito?

Llegué a Quito en la noche del 12/09/2015. En el transporte entre el aeropuerto y la ciudad fui acompañado por una pareja de quitenhos ancianos. En el camino me preguntaron cuál era mi objetivo en la capital ecuatoriana, informé que me encontraba en la ciudad para un trabajo en el Mercado de San Roque, fue evidente la molestia de los dos, la señora me dijo que tuviera mucho cuidado, que era un lugar muy peligroso, se quedaron decepcionados.
Al día siguiente, Domingo, 13/09/2015, fue el primer contacto, con el Mercado de San Roque y sus alrededores. La Calle Loja, en el sector de la Asociación 17 de noviembre dedicado al desarrollo de las intervenciones del equipo, se mostró como un lugar dominado por la calle comercial y los peatones. El líder de La asociación parecía al margen de las discusiones que implican el X Taller Ciudad de Quito. El deseo expresado por todo el camino era para una intervención para ordenar el espacio, la determinar la ubicación de cada comerciante fijo, y el desarrollo de un punto de venta que refleje esta planificación.
El 14/09/2015 hicimos una nueva visita, fue durante la tarde, ahora con la presencia de todo el equipo. En esta reunión, los dirigentes exhibieron de nuevo su deseo de planificación del área de trabajo. Esta vez fue evidente que los comerciantes que trabajan en las calles de los alrededores del Mercado de San Roque se entienden como excluidos de un grupo de personas que descalifica el local.
A medida que el tiempo de esta visita coincidia con el final de las actividades no tuvimos la oportunidad de ver el trabajo diario, asi que decidimos hacer una visita al amanecer del día siguiente, 15/09/2015.
Al amanecer, vimos una dinámica diferente, un gran movimiento de comerciantes y personas que compiten por el espacio de la calle con los camiones y coches que llegan con mercancías. La visita fue acompañada de un agente de seguridad contratado por los comerciantes de la calle para mantener el orden del lugar. Todo el camino el exigió de los comerciantes respetar los límites de cada punto de venta, a la persona que podría ser más resistente nos presentaba, como arquitectos que estaban allí para controlar lo que estaba pasando, al decir esto, se disiparon
Esta vez también podemos observar el tráfico de drogas, los pequeños comerciantes se mezcló con el tráfico de la calle. El tráfico de drogas se coloca como el catalizador de todos los males que se producen en la región.
Al regresar a Taller discutimos varias posibilidades para el lugar, las propuestas fueron similares, sin embargo, abordaron la situación de diferentes puntos de vista. Se propuso un concurso interna para el desarrollo de estas diferentes percepciones que se presentaron al final del día, cuando era evidente que las diferencias eran complementarias, preparar un resumen para presentar al día siguiente para los comerciantes de la Asociación 17 de noviembre.
La propuesta sugiere cambiar los puntos fijos que se asentaron en la vereda para la calle, las veredas estarían destinadas a la circulación de peatones; una amplia cobertura en la calle, como un elemento simbólico con la intención de integrar la calle con el edificio del mercado, como si todo el mundo pasó de tener un techo para protegerse a sí mismos, estableciendo un nuevo límite en el complejo comercial. Para presentar la propuesta elaboramos estrategias de representación que no incomoden a los comerciantes y animen a todos a la manipulación y transformación de la propuesta.
Durante la presentación, el 16/09/2015, la lider fue inflexible con respecto al cambio de los puntos de venta de la vereda a la calle, puesto que sería muy difícil de realizar, incluso se ha emocionó y cayó en llanto, diciendo que este cambio podría culminar en problemas, ya que está jurada de muerte.
Frente a este problema sin salida, el equipo regresó a la universidad en crisis, debiamos proceder con la propuesta ya desarrollada o buscar nuevos caminos, partiendo de los dramas presentados por la lider?
Después de una larga conversa, se concluyó que era importante tener en cuenta la posición de la lider, si no lo hiciéramos, estaríamos imponiendo una situación incontrolable. Estábamos sin una respuesta, en crisis con la arquitectura, con la ciudad de Quito, con el Mercado de San Roque y la Calle Loja.
En la mañana del 17/09/2015 reanudamos el problema con humor. La arquitectura era limitada para la complejidad de la escasez encontrada en el mercado de San Roque y sus alrededores.
El lugar tenía que ser legitimado, mostrado para toda la ciudad de Quito que los comerciantes del Mercado de San Roque tienen el derecho a la ciudad y el trabajo. Entendemos que la situación es la evidencia de un proceso de expulsión de personas con poca solvencia financiera, de la vida en la ciudad, el gobierno esta privilegiando poblaciones que no exigen las instituciones del Estado.
La legitimidad de estar trabajando en este lugar, había algo que tuvo una mayor importancia en el caso de los comerciantes que trabajaban en las calles que rodean el mercado de San Roque, y en conversaciones con los comerciantes de la Calle Loja era evidente que la búsqueda de legitimidad fue también con el interior de los comerciantes del Mercado de San Roque.
Creamos un documento que se emitió por una institucion superior declarando la legitimidad del punto de venta en la Calle Loja para el comerciante que trabajaba allí. Para que sea más simbólico del momento de la entrega destacando la situación de abandono por parte del gobierno de la ciudad, de la región, le pedimos la ayuda de Dios, después de todo, Dios creó el mundo, es capaz de contribuir en la construcción de nuevas posibilidades.
Como la relación con Dios siempre está mediada por alguien, inventamos un santo y un sacerdote, San Tiangez sería el representante divino de la voluntad de Dios en el Mercado de San Roque, y el Cura Castelo Branco, un monje procedente de tierras lejanas para entregar el título de legitimidad para la Asociación de comerciantes de 17 de noviembre
El Ritual de entrega del título Legitimidad fue preparado con todos los atavíos religiosos: un monje, incienso, agua bendita, sonajero y gente rezando de blanco.
Durante la procesión em la Calle Loja en la mañana del 18/09/2015, rezábamos una oración por el Derecho a la Ciudad, para ser respetado. Durante el ritual entregábamos el título de Legitimidad y hemos publicado en cada punto de venta la identificación como un elemento físico que contribuyó al comienzo de la organización de comercio de la calle como el deseo expresado por los comerciantes.
El rito causó extrañamiento entre los que estaban en la Calle Loja, algunos niños observaban el monje con miedo, otros se acercaban y le pedian al monje que fuera a su casa, las personas solicitaban el documento como si fuera un regalo del cielo, aunque no creían lo que pasaba, pedian el documento y la identificación de sus puntos de venta.
El rito final fue al final del X Taller Ciudad de Quito. Esta vez fomentó la intriga y la controversia como se pretende generar, transferimos al público nuestra frustración, los límites de un diseño arquitectónico para la dinámica social que nos encontramos en la Calle Loja. La arquitectura y los arquitectos a menudo creen en un potencial mágico de su obra, como si pudiéramos con un dibujo cambiar la realidad, nos olvidamos a veces la complejidad de los espacios en que operamos.
El ridículo de nuestra acción da importancia al hecho de que no hay magia o solución divina a las contradicciones humanas, contradicciones deben ser resaltados y ridiculizados para que podamos superarlas.

História em Quadrinhos

Imagens do Projeto