A Casa de um artista plástico é um importante desafio, uma casa para Aretuza Moura se apresenta como uma aventura. Criar um espaço onde se mora e trabalha sem tornar estanque estes espaços com seus diferentes usos é instigante. O trabalho de Aretuza Moura está inserido em seu cotidiano doméstico, não levar esta atitude de criação em conta, ao pensar sua moradia, seria negar a futura moradora.

A nova residência-atelier da artista, na confluência das ruas Terra e Palmares no bairro Santa Lúcia em Belo Horizonte, busca atender a essa condição, um espaço dinâmico, livre e com inúmeras possibilidades.

O trabalho do artista tem como uma de suas intenções tornarem-se público. O artista pretende com seu discurso sobre o mundo incomodar, chamar a atenção para coisas novas ou velhas que passam despercebidas. O artista poderia ser considerado um cientista social, entretanto ele é um escravo da liberdade e não pode estar preso por amarras.

A procura de liberdade do artista foi buscada neste novo espaço, a valorização das visadas da cidade permitida a partir da casa tem essa intenção. Estas visadas não são egoístas, são oferecidas também ao passante que percorre o espaço da rua. A casa se coloca como uma lente, um convite para ver a cidade de novos ângulos. De maneira singela o público é convidado a invadir o espaço privado e acessar o terraço da casa onde temos uma grande praça mirante da cidade de Belo Horizonte.

O artista retira do cotidiano, objetos variados e confere a eles novos sentidos. Num atelier se encontra de tudo, qualquer coisa pode assumir novos significados. A casa de Aretuza Moura busca expressar esta atitude.

Do ponto de vista técnico estrutural a nova moradia de Aretuza Moura conjugará estrutura de concreto armado com estrutura metálica. O concreto por trabalhar melhor os esforços de compressão foi utilizado no setor do projeto onde tais esforços são mais marcantes, o volume do atelier. A estrutura metálica foi adotada onde os esforços de tração são mais relevantes, no restante da residência. Essa diferença estrutural ficará evidente para aquele que vê a casa externamente e para quem está dentro da moradia.

Para aliviar a carga solicitante da estrutura com menos apoios foi utilizado o painel de concreto celular para pisos e vedações, no setor de estrutura metálica. No espaço onde ocorrem os esforços de compressão a vedação é feita com bloco de concreto acompanhando o material adotado na estrutura.

Em relação às questões de conforto ambiental, a casa foi direcionada para o nordeste, tendo boa parte de seus setores voltados para uso doméstico localizados neste quadrante.
A fachada voltada para a Rua Terra tem uma expressiva área vedada com vidro, esta fica voltada para o quadrante sudoeste que tem boa parte do seu dia a meia sombra.

A fachada Noroeste recebe uma maior incidência solar ficando assim mais vedada com alvenaria para um melhor conforto térmico do edifício. Parte da fachada da sala e copa está voltada para este quadrante, mas são protegidas pela sombra gerada pelo bloco do atelier.
A fachada Sudeste se encontra mais próxima a confluência da Rua Terra com a Rua Palmares e para melhor conforto térmico-acústico dos cômodos voltados para este quadrante serão plantadas árvores próximas ao cruzamento.

Na implantação do projeto da casa no terreno buscou-se promover poucos cortes, a terra retirada será utilizado nos aterros sugeridos no projeto, como o talude de três metros entre a calçada e o bloco do atelier na Rua Terra, também no aterro promovido para a criação de um platô para a implantação do bloco de concreto do atelier.