Projetos

Conjunto Nova Pampulha


Detalhes do Projeto:

Arquitetos:

Josiane Pôssas
Tiago Castelo Branco Lourenço
Vanessa Resende

Colaboradores:

Maria Elisa Baptista
Rogério Palhares

Ano do Projeto:

2009

Local:

Belo Horizonte, MG, Brasil

Imagens:

Maurício do Valle
Tiago Castelo Branco Lourenço

Outras Informações:

Área ConstruÌda - 31 Hectares
Maquete: Diego Fonseca, Mariana Lapouble, Tiago Castelo Branco Lourenço


 


 Memorial Descritivo 

Conjunto Nova Pampulha

O projeto de parcelamento, vinculado ao empreendimento Nova Pampulha, está inserido em um terreno localizado no bairro Céu Azul, com 31 hectares de área. Este terreno localiza-se no limite da regional Pampulha com a regional Venda Nova, sendo no vertente noroeste da gleba o limite do município de Belo Horizonte com Ribeirão das Neves.

Os bairros vizinhos à gleba são: Céu Azul (ao norte), Xangrilá (a oeste), Trevo (a leste) e Braúnas (ao sul).

O terreno é uma gleba que se encontra em limites geográficos e sociais. A porção sul, vizinha ao terreno, é caracterizada por uma ocupação de rendas mais elevadas e a porção norte por uma ocupação de rendas médias e baixas. A exceção da porção sul em relação ao terreno ocorre pela presença da Vila São Francisco, ocupação irregular no interior da área da propriedade, já consolidada e urbanizada.

A gleba está submetida a duas legislações que regulam sua ocupação: a ADE Pampulha e a ADE Trevo. Segundo a ADE Pampulha, o potencial construtivo para a gleba seria de 1000 m² por unidade. Para a ADE Trevo, esse potencial construtivo seria de 120 m² por unidade.

Apesar de localizar-se em uma área de divisa, a gleba se relaciona melhor com a ocupação que ocorre na porção norte ao terreno. Essa situação ocorre por conta dos acidentes geográficos que ocorrem ao sul, bem como pela presença do curso d’água que isola a área da porção sul, sudeste e leste em relação à gleba, objeto da proposição.

Por conta disso, o potencial construtivo previsto na ADE Pampulha inviabiliza a proposição de um parcelamento na área, uma vez que o público potencial a adquirir um terreno na gleba não teria condições financeiras para viabilizar uma aquisição dentro dessas condições.

O potencial construtivo apresentado pela ADE Trevo melhora a situação, entretanto, é ainda um potencial muito alto para a viabilização de um empreendimento para o padrão da região.

A presente proposta apresenta uma área média de 84 m2 para cada unidade habitacional, incluindo a área de cada unidade dentro do lote, bem como as áreas coletivas previstas para cada um dentro do plano.

A área da proposta do empreendimento possui declividades suaves com pequenos trechos que chegam a atingir 45%. Essas características do relevo determinaram algumas opções projetuais, em especial na setorização do plano. Nas áreas com maior declividade foi proposta a implantação dos edifícios mais verticalizados do conjunto.

A encosta na vertente sudeste da gleba é onde se concentrará a maior parte dos edifícios do conjunto, totalizando 1011 unidades habitacionais, distribuídas em 12 prédios de apartamentos. Estes edifícios são distribuídos em quatro lotes que compõem a quadra A do parcelamento Nova Pampulha.

A quadra E apresenta uma declividade suave, onde estão distribuídos cinco lotes com as respectivas áreas coletivas vinculadas a eles. Nestes lotes estão dispostos sete edifícios de apartamento. Ainda na quadra E temos um sexto lote, reservado para construção de uma escola, atendendo a demanda por este tipo de equipamento na região, situação que tende a se agravar com a instalação do Parcelamento Nova Pampulha. Neste lote está previsto também a construção de um centro de saúde, em um prédio geminado a escola citada.

A quadra B apresenta uma declividade mediana, dentro da situação encontrada na gleba. Nesta quadra foram distribuídos oito lotes, nos quais temos um conjunto de casas geminadas, totalizando 174 unidades unifamiliares.

A quadra C apresenta uma declividade suave, onde foram distribuídos sete lotes, nos quais tem-se 138 unidades unifamiliares.

Na quadra D, também com declividade suave, foram distribuídos cinco lotes com 93 unidades unifamiliares.

A opção de implantar os volumes arquitetônicos mais horizontalizados nas cotas mais altas do terreno se caracterizou pelo objetivo de proporcionar aos usuários do terreno uma melhor visualização da paisagem da cidade de Belo Horizonte.

Além disso, a equipe autora do projeto entendeu que a edificação de uma casa favorece o uso de tecnologias de construção de fundações menos profundas, sendo assim, o terreno com menor declividade favorece a utilização de fundações rasas, tornando a construção das casas mais competitiva do ponto de vista financeiro, além do fato dessa fundação gerar menos movimentação de terra em um terreno de baixa declividade.

A construção dos edifícios de múltiplos andares nas cotas mais baixas do terreno cria uma proteção urbana do conjunto das casas unifamiliares, gerando um elemento mais verticalizado que cerca o novo bairro, tornando-o mais agradável do ponto de vista de quem esta no interior do conjunto, favorecendo então a vida coletiva, levando-a a ser menos devassada. Além disso, a verticalização no local gera um maior adensamento na projeção do bloco e com isso uma menor movimentação de terra.

O lançamento viário do conjunto buscou se adaptar às condicionantes do terreno, acompanhando a sinuosidade das curvas de nível.

Está prevista para a região o lançamento de uma via arterial, a Avenida dos Navegantes, ou Via 220, parte da proposta do governo municipal em nova solução viária para Belo Horizonte, o Programa de Estruturação Viária, conhecido como Viurbs.

Parte desta via atravessa o terreno objeto da intervenção, sendo a proposta do poder público, uma via que divide a gleba ao meio. A equipe autora do projeto entendeu que a via será se caracterizará como alternativa para estruturação viária da região como um todo, favorecendo inclusive a articulação viária da gleba com o restante da cidade.

Entretanto, a proposta da Prefeitura de Belo Horizonte criará uma cisão do terreno, o que poderá desqualificar a área, criando assim, uma via de trânsito rápido que não se relaciona com o seu entorno, gerando algumas problemáticas urbanas que podem ser verificadas em outras regiões da cidade, nas quais vias como essas já se encontram implantadas.

Como alternativa à proposta viária do poder público municipal, a equipe autora do projeto propõe uma via que aproveita o leito da Rua Geraldo Orozimbo e da Rua Horácio Terena Guimarães, estas duas já existentes, formando assim, uma das pistas que iria compor parte da Avenida dos Navegantes prevista pela prefeitura. A outra pista da avenida seria paralela a essas ruas dentro da área do terreno.

A pista que compõem com a atual Rua Horácio Terena Guimarães a avenida, seria lançada na margem direita do curso d’água que passa ao norte da gleba, respeitando a distância legal do curso d água e da nascente presente dentro da área. Nessa conformação a equipe gerou um canteiro central generoso entre as duas pistas, no qual seria mantida a Escola Estadual Deputado Manoel Costa e criado um parque linear no decorrer do curso d água, o Parque Linear Nova Pampulha.

Nessa proposta a equipe acredita que o impacto deste tipo de via seria minimizado, além de criar uma área de lazer importante para o parcelamento, bem como para toda região carente de equipamentos dessa natureza.

A via seria conectada com a Avenida Francisco Negrão de Lima, que chega aos limites da gleba em sua porção leste. Posteriormente, essa via teria que ser projetada mais à frente para o seu desvio da Orla da Lagoa da Pampulha, uma vez não ser possível aumentar o fluxo do entorno desse espelho d água sem obras que prejudicariam a beleza cênica de seu conjunto.

A proposta desta via e do parque em seu percurso irá criar um local aprazível para a permanência e a prática de esportes, valorizando a beleza paisagística da região, que se assemelha a uma vereda. Além dos fatores benéficos citados, a via e o parque irão criar uma proteção a mais para os habitantes do novo parcelamento proposto.

Outra via importante na estruturação viária do parcelamento, é a que atravessa a gleba de norte a sul, ligando os bairros Céu Azul e Braúnas, favorecendo a articulação da gleba com os bairros do entorno.

Na quadra A do parcelamento, onde se encontra a maior parte das unidades previstas no parcelamento vinculado, existem vários espécimes de Palmeira Macaúba, sendo que algumas delas serão removidas para implantação das edificações. Contudo, foi realizado um estudo cujo objetivo fora preservar a maior parte das palmeiras presentes na quadra e promovido um planejamento de plantio de novas para reposição.

Nesta quadra foi proposto uma alameda com espaços de permanência, como praças e um recanto pertencente aos proprietários das unidades da quadra A. A Alameda das Macaúbas, como pode vir a ser nomeada, será importante área de lazer para a quadra, esta que será a mais adensada do conjunto, criando, assim, alternativas de caminhos para pedestres que cruzam o parcelamento.

Na quadra E foram propostos caminhos que atravessam a quadra, ligando a avenida lindeira ao parque às ruas internas do parcelamento. Esses caminhos são áreas coletivas pertencentes aos lotes que compõem a quadra e irão ser compostos por escadas e rampas, bem como por praças e recantos para permanência dos usuários.

A proposta de vincular a Alameda das Macaúbas aos proprietários da quadra A, e os caminhos de pedestres aos proprietários da quadra E, é uma tentativa de garantir a manutenção desses espaços semi-públicos.

A presente proposta busca a adequação do parcelamento às dinâmicas da região, tanto do ponto de vista ambiental, como do social e viário. Estes foram os três importantes fatores que determinaram o conceito de implantação da proposta apresentada.

Imagens do Projeto: