A CPT durante seus 40 anos de história se tornou uma das grandes referências na luta pelo acesso à terra no Brasil.
A reforma da sede da CPT/MG pretende conferir ao edifício elementos simbólicos que remetam as lutas que a comissão se envolveu durante sua história.
A CPT é quase sempre associada as lutas do campo, porém, nos últimos anos ela também se envolveu com as lutas pelo Direito à Cidade, em Minas Gerais tem sido uma das importantes forças políticas na composição da resistência ao desenvolvimento econômico desigual que marca a história brasileira.
A reforma da sede busca uma releitura na composição do volume arquitetônico dos elementos que marcam as casas dos trabalhadores rurais e urbanos apoiados pela entidade.
As paredes com reboco grosso, tijolo aparente, e parte pintadas, buscam evidenciar a trajetória que marca a construção dos assentamentos e ocupações rurais e urbanas apoiadas pela comissão, uma arquitetura em processo, construída cotidianamente por seus moradores.
A proposta aqui apresentada propõe uma reforma na sede da CPT/MG abrindo o local para a cidade de Belo Horizonte onde ela se instala. A biblioteca que se encontra confinada em um cômodo com poucas possibilidades de consulta para o público externo, e transferida para outro lugar com uma sala de consulta junto a sala de acesso e recepção.
A sala de acesso e recepção é um espaço amplo conjugado com o pátio frontal e que pode ter um uso variado, receber exposições, palestras dentre outros eventos. O pátio frontal mantém também seu uso atual de garagem para veículos.
No pátio frontal está instalado um cruzeiro relembrando os primórdios da CPT e seu vínculo com o cristianismo, agora não somente de cunho católico, mas congregando outros princípios teológicos e credos religiosos. Ainda neste pátio temos um espaço onde pode ser montada uma fogueira, relembrando práticas coletivas de socialização dos trabalhadores do campo e das periferias das grandes cidades brasileiras.
No pavimento térreo temos ainda a sala administrativa e um banheiro para atender o público externo que frequenta a sede.
Ainda no pavimento térreo temos um dormitório com 1 banheiro, este espaço pode receber 11 beliches, abrigando então 22 leitos. O acesso a este dormitório se dá por uma circulação externa, separando os setores social do mais íntimo neste pavimento
No subsolo temos outro dormitório com 1 banheiro, este comporta 10 beliches, abrigando 20 leitos. Neste pavimento temos ainda uma sala de estar com 1 banheiro social, e a cozinha.
No nível do subsolo temos nos fundos do lote outro banheiro no local onde atualmente está instalado um depósito. Onde atualmente ocorrem reuniões, palestras e aulas se mantém como está.
A proposta apresenta uma ampliação da sede com a abertura de mais dois dormitórios, cada um recebe 8 beliches, totalizando 32 leitos. Nestes dormitórios temos dois banheiros, com 3 chuveiros e 3 instalações sanitárias, sendo que destes dois estão adaptados para Portadores de Necessidades Especiais (PNE).
O acesso ao 2º pavimento será por uma escada externa a sede e um elevador.
Quando ao volume da arquitetura buscou-se uma linguagem que respeitasse as características da casa original, um tipo arquitetônico de casas operárias que foram construídas na região durante os anos 60 e anos 70 do século XX, um modernismo tardio importante na história da arquitetura da cidade e do bairro Santa Inês.